EIS O MISTERIO DA FÉ

Certa vez, na velha Grécia, um mestre perguntou a seus alunos: Quando um homem e um boi olham para um prédio, eles estão vendo o mesmo prédio ou vêem duas coisas diferentes?
Estão vendo o mesmo prédio”, disseram.
Mas o mestre não concordou. E explicou: “O prédio é o mesmo, mas a maneira de ver é diferente. O homem vê o prédio como homem e o boi vê o prédio como boi. O prédio que está na cabeça do homem pode ser diferente do prédio que está na cabeça do boi”.
De fato, quando uma coisa entra na mente da pessoa, toma a forma do pensamento daquela pessoa. A mesma música é triste, se a pessoa está triste, e é alegre, se a pessoa está alegre.
Passando agora para o nosso tema, vamos ver que uma coisa de fé pode ter muito sentido para quem crê e pode não significar nada para quem não crê.
Assim é diante da Eucaristia
Terminada a Consagração o Presidente da Celebração proclama solenemente, mostrando o Sacramento: “Eis o Mistério da nossa fé!...
E a assembléia responde: “Anunciamos, Senhor, a nossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!
Nota: Há outras formas de resposta além desta. Sabemos que o Cristo presente no Pão consagrado é um só e o mesmo para todos. Mas nem todos O estão vendo com a mesma fé. Tanto é que alguns não respondem nada.
Pode ser que nem estejam crendo. E entre as pessoas que vão comungar! Será que todas estão comungando com fé? Nem sempre. O Cristo é o mesmo, mas alguns podem estar comungando sem fé. E quem O recebe sem fé, não O recebe para sua salvação. Pelo contrário: Se estiver comungando com pouco caso, até comete pecado. São Paulo diz que tal pessoa “será réu do Corpo e do Sangue do Senhor” (cf. 1Cor 11,27).
Diante da Natureza
Existem na natureza muitos lugares famosos pela sua beleza extraordinária. Chegam a emocionar o turista. Por exemplo, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, ou a Foz do Iguaçu. Os turistas chegam, olham, admiram, tiram fotos e filmam aquelas paisagens maravilhosas.
Mas a pessoa que nasceu nesses lugares e ali moram há muito tempo, nem liga muito... Até não entende por que os turistas ficam tão admirados. Na verdade, para quem mora ali ao lado, aquela paisagem extraordinária se tornou comum. É rotina. Não impressiona.
Coisa semelhante pode acontecer com o cristão diante da Missa. De tanto ir à Missa, já se acostumou com ela. A mudança do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor virou rotina. Não diz nada. Principalmente, se nunca procurou estudar nada da Missa e tem ido por simples cumprimento de preceito dominical. Nesse caso, além de a Missa não ter sentido passa a ser uma coisa cansativa. Para tal pessoa a Celebração não vai além de um rito vazio que não lhe diz nada. É mera exterioridade. Ela não descobre a beleza do Mistério, porque não vê com os olhos da fé, nem experimenta a presença de Deus, porque está totalmente desligada.
O mesmo rosto santo de Jesus foi visto diferentemente por Maria e por Judas, por Pedro (que chorou) e por Herodes (que fez gozação), por Gestas (que blasfemou) e por Dimas (que ganhou o Paraíso). Um olhou com ódio e revolta, outro com amor e fé. Por isso os efeitos do olhar produziram reações diferentes.
Santo Agostinho fala que no Calvário havia três condenados, um ao lado do outro, na mesma posição. Os três crucificados, com uma diferença: um estava dando a Salvação, outro a estava recebendo, e o terceiro estava perdendo.
A Presença do Mistério
Assim acontece com as pessoas na Missa. Uns olharão para a hóstia com fé, outros sem fé.
Para uns, aquele Pão é o Corpo do Senhor; para outros, é simplesmente um pedaço de pão comum. Uns aceitam o Mistério, outros só ‘acreditam’ no que estão vendo com os olhos e apalpando com as mãos, como Tomé. Por isso, a Missa não diz nada para algumas pessoas.
O fato é que estamos diante do Mistério de Deus. E o Mistério só é aceito e experimentado por quem crê. A presença real de Jesus no Pão e no Vinho consagrados é o Mistério dos mistérios. O Presidente da Celebração o apresenta à Assembléia à maneira de um desafio à fé: “Eis o Mistério da fé!
(Extraído do livro “A Missa Parte por Parte”, de Padre Luiz Cechinato)


Nenhum comentário:

Postar um comentário